domingo, 29 de novembro de 2009

Renúncia


Pelo rosto correm lágrimas,
que teimo em enxugar;
quero pará-las
e voltar ao início de tudo,
mas a força que possuo,
traga-me em sentido contrário:
ao abafar o voo indeciso
da renúncia.

Foto minha.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Aquece


Não deixes arrefecer,
aproveita a imaginação
no vento frio,
(que nos gela)
aquece comigo a noite.

Deixa que a madrugada
regresse a casa,
o calor se faça sentir
como a memória
-agora ausente-
do que fomos;
nas entranhas
os únicos sobreviventes.


Foto minha.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ternura


Deixo a respiração
amansar
nas tuas mãos.

Os sentidos acalmam-se
numa carícia doce,
inesperada.

Encosto-me ao teu ombro
e sinto-te vivo
então,
os sentidos exaltam-se
e entrego-me
na ternura dos teus gestos,
no fulgor do teu olhar,
sendo o que esperas
em mim.


Foto minha.

domingo, 15 de novembro de 2009

Dizer-te


Queria dizer-te as palavras
que faltam
se a noite me libertasse,
me invadisse,
extenuante
na prosa enriquecida,
de um caderno antigo.

Queria provocar-te
um doce murmúrio,
um carinho inusual
e que a voz caprichosa
me devolvesse os sons
entre este dizer-te hoje
e esse sempre calar-me.


Foto minha.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Castanhas


Imagina o verde folha
A cor tresmalhada
Dos sonhos

Imagina que albergaste
Mil desejos incontroláveis
Mil caminhos
Ou mil canções de amanhecer

Imagina saudades
Infância e despreocupação
Ou a lucidez e a virtude
De um copo de água pé

Imagina as castanhas
Loiras e luzidias
Chamuscando as tuas mãos
Empoeirando a tua boca

Imagina como te perturbas
Noite fora
Sem horas sem regresso
E te alentas e revigoras
Numa mão cheia
De brasas…


Foto minha.

sábado, 7 de novembro de 2009

Escassez


Quando as palavras escasseiam
recorro ao olhar
numa instância última
de liberdade

Leve o movimento das pálpebras
lento muito lento
o caminhar

o pensamento perdido além
a voz perturbadora
da memória.

E o beijo sempre presente
Nesta última palavra
da escassez física.


Foto minha.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Surpresa II


Surpreende-me a madrugada
Quando as lágrimas
Rolam

Surpreendes-me tu
Num intervalo
De amor

Surpreendida fico
Com as palavras
Que entoas
Na madrugada
De lágrimas

Que no intervalo
Caiem de amor
Ao som da alma.


Foto minha.