Não deixes amontoar as palavras: deita-as para fora, escreve-as, solta-as; deixa que se espalhem pelos campos, que as vozes as entoem, que os sentidos as saboreiem.
São os cantos da terra perfumada; das cores azuis, entranhadas de céu, das palavras que te digo -a dolência forte deste meu amor-, sobre as flores campestres que se aninham no meu colo (outrora vivo): o cheiro molhado das minhas veias.
Pelo rosto correm lágrimas,
que teimo em enxugar;
quero pará-las
e voltar ao início de tudo,
mas a força que possuo,
traga-me em sentido contrário:
ao abafar o voo indeciso
da renúncia.
Os sentidos acalmam-se numa carícia doce, inesperada.
Encosto-me ao teu ombro e sinto-te vivo então, os sentidos exaltam-se e entrego-me na ternura dos teus gestos, no fulgor do teu olhar, sendo o que esperas em mim.
Eu, acompanhada pelo Jorge Castro, dinamizador das Noites com Poemas, Clarinda Galante, uma Senhora da fotografia, Maria Francília Pinheiro, Poeta e a Ilda Oliveira, contadora de histórias.
Um dia que sempre assinalarei porque presente na minha memória. O dia em que me abriste o primeiro blog com este nome.
Muitos blogs passados e apagados, outros presentes e com vida. Três livros publicados e o quarto em Outubro próximo. Fisicamente não estiveste presente em nenhum deles.
Porque estás sempre a meu lado, todos os dias são dias teus. Quando nos reencontrarmos, um outro dia, seremos o que não tivemos, ainda, tempo de ser.
Ainda oiço a voz que ontem sussurrava um beijo ardente na madrugada era uma gaivota aninhada no meu colo no tempo breve de um sorriso entre a luz e o murmúrio do mar só as ondas sabiam de mim.
Um dos muitos poemas belos do Pedro Laranjeira, no seu livro Pulsar. Obrigada por teres autorizado a sua publicação aqui.
Afagar-te os seios, lentamente, em carícias firmes de suave excitação... meter-te os dedos no cabelo e deixar a polpa deslizar sedosamente até deitares para trás a cabeça, frouxamente, num arfar silencioso de emoção!... Deixar aos poucos a mão escorregar p'ra que o arrepio fibroso do ouvido, em ternura transforme o apalpar do teu pescoço... Pousar então, de mansinho, a minha boca na flor entreaberta dos teus lábios e beber a seiva do teu vibrar sereno enquanto o teu corpo entra nos meus braços!... Sem um leve tremor, com lentidão, fazer cair dos teus ombros a blusa e num estalido seco, quase imperceptível, abrir-te o soutien para que a luz a volta possa gozar a ternura dos teus seios... Ajudar-te na reciprocidade da atitude, ...olhos fechados corpo em liberdade, até que a minha nudez possa te mostrar a observância atenta do cair da tua saia e dar-te a mensagem da total eloquência do vislumbre triangular que vai me receber! Deixar as mãos frementes percorrer a pele rosada e suave de teu corpo, numa carícia terna de bebé que te faça vibrar o cordão umbilical!... Deixar então pousar a boca, de mansinho, nos botões rosados, frementes dos teus seios!
Porque os números redondos são bonitos e dão as mãos, porque não podemos deixar morrer a criança que existe em nós e porque fazes parte da minha vida, este dia e todos os outros têm que ser de festa.
À tua saúde o meu brinde regado com muito champanhe e num longo abraço apertado a festa será 'a' festa.
E porque os dias são azuis na amizade que construímos...
Duas gaivotas pousam no telhado de zinco destes barracões à quase beira mar, uma delas conversa ininterruptamente comigo num som chorado pedindo a minha atenção.
Levanto a cabeça e respondo-lhe numa carícia suave em doces palavras de alento, mas ela continua o seu choro cantado em cambiantes perfeitos.
Gaivotas do meu silêncio na paz sublime do meu peito encontrada, soletrando à quase beira mar A Eme O Erre...